quinta-feira, 16 de novembro de 2006

MINHA DESPEDIDA DO COMANDO DO DFE 4



Por ter sido promovido a Oficial Superior, foi dada por finda a minha comissão de serviço e consequentemente a minha função de Comandante do DFE 4 e regressar a Portugal para o exercício de novas funções, após cerca de um ano de comissão na Guiné.
A despedida não foi fácil e recordo ainda hoje com profundo sentimento o dia (28 de Março de 1974) em que a rendição ocorreu. 
A Cerimónia de Entrega de Comando, embora em pleno mato e com eventuais flagelações, decorreu com a dignidade que as circunstâncias então permitiam. 
Na qualidade de representante do Comodoro Comandante Naval esteve presente na Cerimónia de "entrega de comando" o Cmdt. Ferreira Pinhão.


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O pessoal do DFE 4 em formatura numa espécie de "parada" frente ao barracão central construído pelo nosso pessoal com chapas de zinco provenientes de bidons, foi objecto de despedida individual por parte do seu Comandante. A despedida de cada homem constituiu um momento de elevado sentimento, por vezes dramático, em que a duração daqueles abraços relembrava em segundos, os bons e maus momentos vividos durante cerca de um ano. Por vezes, lágrimas mal contidas, jorram soltas. Para se conseguir a amizade dos que nos são próximos, superiores e subordinados, há que percorrer muitas etapas, mas aquelas que tiveram por base subjacente a camaradagem e o perigo, são as que não se esquecem e predominam vivas nas nossas existências.
Senti que estava a abandonar uma família pela qual eu era o responsável. Foi duro !
Reflectindo sobre a minha vida militar e pelos diversos cargos que ao longo da mesma fui chamado a desempenhar, confesso que o Comando do DFE 4 foi, de longe, o que mais me marcou. Senti, de modo inequívoco, o peso da responsabilidade nas decisões a tomar, e a noção das consequências que estas poderiam ter sobre a vida dos comandados. Senti a aproximação, que presumo única, entre comandante e subordinado, alicerçada na camaradagem e na solidariedade; todos sofrem as mesmas carências e estão sujeitos a idêntico esforço físico perante o perigo comum.
Ao chefe acresce a decisão. A acção responsável de comando, neste contexto, resulta naturalmente mais eficaz, melhor compreendida e respeitada pelos subordinados.


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