sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DESABAFO !


Anos depois de terminada a comissão de serviço na Guiné fui descobrir nos meus arquivos um email oportunamente enviado a um Coronel amigo e cujo texto não é mais do que um desabafo sobre a justeza das missões atribuídas aos Fuzileiros Especiais:

"Caro amigo 

Já há algum tempo que gostaria de saber a tua opinião sobre o seguinte:
Na Guiné operaram "pára-quedistas", "comandos" e "fuzileiros especiais". 
Apercebi-me que muitas vezes os "fuzileiros" desempenharam acções de quadrícula e integrados em unidades (COP e CAOP e BCAÇ's) chefiadas por oficiais do exército.
Sem menosprezo destas chefias com as quais sempre travei relações de amizade e sã camaradagem, a verdade é que a especialização em "fuzileiro especial" dos DFE's não era considerada pelo enquadramento de comando.
Estas chefias, na sua maior parte, desconheciam as verdadeiras características dos "fuzileiros especiais", ou seja como foram formados, como estavam organizados, etc.
Julgo que o mesmo já se não passava com os pára-quedistas, até porque estes nunca estiveram sediados no mato. (Voltavam a Bissau/arredores).
Passei um mês em Ganturé e cerca de um ano no Chugué (cujo aquartelamento foi construído por nós "tropa especial" em simultâneo com a actividade operacional).
Tudo isto faz-me agora pensar que o Spínola e os seus seguidores próximos desprezaram a verdadeira razão da existência de fuzileiros naquele teatro de operações. E, o que é grave, com a complacência dos responsáveis da Marinha em Bissau.
Tive a felicidade de ter no CAOP 1 (Cufar - Cor. Pára Leitão), mas já no COP 3 estava o Ten. Cor. Correia de Campos que, verdade se diga era um excelente combatente, mas sem a mesma sensibilidade para a tropa especial.
Olhando para trás constato que a finalidade para a qual as unidades eram preparadas foi frequentemente desvirtuada."

Um abraço do
Alves de Jesus

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