Realizou-se no dia 23 de Maio de 2013 na Casa Municipal da Cultura em Coimbra, a Mesa Redonda “GUIDAJE (Cumbamori), GUILEJE, GADAMAEL 40 ANOS DOS 3 G’s DA GUERRA NA GUINÉ”. Com a autorização do autor, tomo a liberdade de transcrever um pequeno texto sobre “A RETIRADA DE GUILEJE”
Em 4 SET 72, com o Posto de Major, iniciei a 3ª Comissão por imposição, na GUINÉ.
Em 8 JAN 73 fui nomeado, pelo Sr. Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Sr. General ANTÓNIO DE SPÍNOLA, Comandante do Comando Operacional nº 5 8COP 5), com sede em GUILEJE. Na Zona de Ação do COP 5 passava o “Corredor de GUILEJE”, através do qual o PAIGC introduzia 70 a 80% dos abastecimentos (armas, munições e outros), para todo o território da GUINÉ.
Em 25 MAR 73, foi abatido na região de GUILEJE, o 1º Avião a jacto FIAT G - 91, atingido por um míssil terra-ar STRELA: o Piloto recuperado com um pé partido. O aparecimento destes mísseis provocou grandes alterações e limitações no emprego da nossa Força Aérea.
Em 18 MAI 73 pelas 07:00 horas, 2 Grupos de Combate e 1 Pelotão de Milícia, saídos de GUILEJE, foram emboscados por um grupo Inimigo (IN) estimado em 100 elementos; as Nossas Tropas (NT) sofreram 1 Morto, 7 Feridos graves (um dos quais veio a falecer 4 horas mais tarde por falta de evacuação) e 4 Feridos ligeiros. Em 11 MAI 73, o Sr. General SPÍNOLA, na sua última visita a GUILEJE, afirmara, perante formatura geral de todos os militares que, não obstante os condicionamentos de actuação da Força Aérea, esta faria a evacuação dos feridos graves; esta promessa não foi cumprida.
Face à situação, solicitei a ida a GUILEJE de Delegados da Repartição de Operações e da Força Aérea; porque estes não apareceram, desloquei-me no dia seguinte (19 MAI) a CACINE, comandando a evacuação de baixas da emboscada, através do rio; esperava lá encontrar os Delegados referidos. No dia 20 MAI, ao fim da tarde, fui transportado de helicóptero a BISSAU, onde apresentei ao Sr. General SPÍNOLA, a necessidade de reforços, já solicitada antes por mensagem; respondeu-me que não me dava qualquer reforço. que devia regressar na manhã seguinte a GUILEJE e que ia mandar para lá o Sr. Coronel Paraquedista RAFAEL DURÃO, passando eu a 2º Comandante.
Cheguei a GUILEJE ao fim do dia 21 MAI, depois me ter deslocado de sintex (barco com motor fora de borda) de CACINE (onde a Força Aérea me deixou) para GADAMAEL; o percurso de GADAMAEL para GUILEJE foi feito em coluna apeada, utilizando um trilho da população; durante o trajecto, ouvimos a flagelação que GUILEJE estava a sofrer, a mais violenta de todas, que provocou a morte de um Furriel Miliciano e vários estragos materiais, entre os quais a destruição total do Centro de Comunicações, incluindo as antenas, o que impedia a ligação rádio com qualquer entidade.
Face à forte pressão do IN, à não atribuição de reforços e a outros factores (falta de água no quartel, escassez de munições de Artilharia, não evacuação de feridos, etc.), decidi retirar para GADAMAEL, no dia seguinte ao romper do dia, todos os militares (cerca de 200) e toda a população (cerca de 500 elementos), por considerar a posição insustentável. A alternativa era aguardar a chegada do Sr. Coronel DURÃO, que eu não sabia quando se iria verificar e que, em minha opinião, não resolveria a situação, porque, seguramente, não viria acompanhado de reforços, nem tão pouco tinha condições para solucionar os factores atrás referidos e, principalmente, a forte pressão do IN, que era cada vez mais acentuada.
Desde as 20:00 horas do dia 18 MAI até às 4:00 horas do dia 22 MAI (80 horas), GUILEJE sofreu 37 flagelações. A retirada efectuou-se, em coluna apeada, com pleno êxito, tendo surpreendido totalmente o IN, que continuou a bombardear GUILEJE, onde só entrou em 25 MAI 73.
O Sr. General SPÍNOLA não sancionou a decisão, ordenando a minha prisão preventiva e a instauração de um Auto de Corpo de Delito; estive preso, em BISSAU, desde 27 MAI 73 até 12 MAI 74. Como consequência do 25 ABR 74, os “crimes” que supostamente me eram imputados, foram amnistiados por Decreto-Lei da Junta de Salvação Nacional e o processo foi arquivado.
Os factos descritos são relatados, no livro que agora foi publicado; o processo é, também, analisado e criticado, com pormenor; a última parte do livro trata do Simpósio Internacional de GUILEJE, realizado em BISSAU, de 1 a 6 de Março de 2008, em que participei.
O livro “A RETIRADA DE GUILEJE” não está à venda nas livrarias, estou disponível para o enviar, pelo correio, para qualquer parte do mundo. Os meus contactos são: Em 8 JAN 73 fui nomeado, pelo Sr. Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Sr. General ANTÓNIO DE SPÍNOLA, Comandante do Comando Operacional nº 5 8COP 5), com sede em GUILEJE. Na Zona de Ação do COP 5 passava o “Corredor de GUILEJE”, através do qual o PAIGC introduzia 70 a 80% dos abastecimentos (armas, munições e outros), para todo o território da GUINÉ.
Em 25 MAR 73, foi abatido na região de GUILEJE, o 1º Avião a jacto FIAT G - 91, atingido por um míssil terra-ar STRELA: o Piloto recuperado com um pé partido. O aparecimento destes mísseis provocou grandes alterações e limitações no emprego da nossa Força Aérea.
Em 18 MAI 73 pelas 07:00 horas, 2 Grupos de Combate e 1 Pelotão de Milícia, saídos de GUILEJE, foram emboscados por um grupo Inimigo (IN) estimado em 100 elementos; as Nossas Tropas (NT) sofreram 1 Morto, 7 Feridos graves (um dos quais veio a falecer 4 horas mais tarde por falta de evacuação) e 4 Feridos ligeiros. Em 11 MAI 73, o Sr. General SPÍNOLA, na sua última visita a GUILEJE, afirmara, perante formatura geral de todos os militares que, não obstante os condicionamentos de actuação da Força Aérea, esta faria a evacuação dos feridos graves; esta promessa não foi cumprida.
Face à situação, solicitei a ida a GUILEJE de Delegados da Repartição de Operações e da Força Aérea; porque estes não apareceram, desloquei-me no dia seguinte (19 MAI) a CACINE, comandando a evacuação de baixas da emboscada, através do rio; esperava lá encontrar os Delegados referidos. No dia 20 MAI, ao fim da tarde, fui transportado de helicóptero a BISSAU, onde apresentei ao Sr. General SPÍNOLA, a necessidade de reforços, já solicitada antes por mensagem; respondeu-me que não me dava qualquer reforço. que devia regressar na manhã seguinte a GUILEJE e que ia mandar para lá o Sr. Coronel Paraquedista RAFAEL DURÃO, passando eu a 2º Comandante.
Cheguei a GUILEJE ao fim do dia 21 MAI, depois me ter deslocado de sintex (barco com motor fora de borda) de CACINE (onde a Força Aérea me deixou) para GADAMAEL; o percurso de GADAMAEL para GUILEJE foi feito em coluna apeada, utilizando um trilho da população; durante o trajecto, ouvimos a flagelação que GUILEJE estava a sofrer, a mais violenta de todas, que provocou a morte de um Furriel Miliciano e vários estragos materiais, entre os quais a destruição total do Centro de Comunicações, incluindo as antenas, o que impedia a ligação rádio com qualquer entidade.
Face à forte pressão do IN, à não atribuição de reforços e a outros factores (falta de água no quartel, escassez de munições de Artilharia, não evacuação de feridos, etc.), decidi retirar para GADAMAEL, no dia seguinte ao romper do dia, todos os militares (cerca de 200) e toda a população (cerca de 500 elementos), por considerar a posição insustentável. A alternativa era aguardar a chegada do Sr. Coronel DURÃO, que eu não sabia quando se iria verificar e que, em minha opinião, não resolveria a situação, porque, seguramente, não viria acompanhado de reforços, nem tão pouco tinha condições para solucionar os factores atrás referidos e, principalmente, a forte pressão do IN, que era cada vez mais acentuada.
Desde as 20:00 horas do dia 18 MAI até às 4:00 horas do dia 22 MAI (80 horas), GUILEJE sofreu 37 flagelações. A retirada efectuou-se, em coluna apeada, com pleno êxito, tendo surpreendido totalmente o IN, que continuou a bombardear GUILEJE, onde só entrou em 25 MAI 73.
O Sr. General SPÍNOLA não sancionou a decisão, ordenando a minha prisão preventiva e a instauração de um Auto de Corpo de Delito; estive preso, em BISSAU, desde 27 MAI 73 até 12 MAI 74. Como consequência do 25 ABR 74, os “crimes” que supostamente me eram imputados, foram amnistiados por Decreto-Lei da Junta de Salvação Nacional e o processo foi arquivado.
Os factos descritos são relatados, no livro que agora foi publicado; o processo é, também, analisado e criticado, com pormenor; a última parte do livro trata do Simpósio Internacional de GUILEJE, realizado em BISSAU, de 1 a 6 de Março de 2008, em que participei.
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O Autor
Alexandre da Costa Coutinho e Lima (Coronel de Artª)